El Bandoneón

Bandoneón: “Som de lamento”

Uma das primeiras características da “música tanguera” foi a exclusão dos instrumentos de vento-metal e percussão, tirando-lhe estridencias com o fim de construir um som intimista e cálido, capaz de transmitir a sensualidade que o definiu desde um princípio. É por isto que o tango se interpretou mediante orquestra típica ou sexteto (piano, dois bandoneones, dois violines e contrabajo) e se reconhece ao bandoneón como o instrumento essencial, “o coração do tango”.

Mas quando apareceu este maravilhoso instrumento?

Foi criado por Hermann Ulgh em 1835, com o objetivo de difundir a música sacra em lugares abertos e para substituir aos órgãos. Após décadas, um fabricante vendeu estes instrumentos, os que mais tarde terminaram em mãos de Heinrich Band e sua pequena empresa “Band Union”, na qual foram armados. Esta oficina deu origem a seus sucessivos nomes: bandunion, bandonion e finalmente bandoneón.

O que introduziu ao país este sacro instrumento, pelo ano 1862, foi Sebastián Ramos Mejía, um afroamericano que guiava uma junta de cavalos na Transwald e que tocava em bares. Mas foi recém adaptado pelos tangueros ao iniciar-se no século XX para substituir a presença inicial da flauta e completar o som inconfundível do tango.

O artista Cátulo Castillo atribui-lhe ao bandoneón “o definitivo som de lamento que tem o tango, sua inclinação ao quexido”. O bandoneón impôs-lhe ao tango sua definitiva forma complexa, integrando a melodia numa base simultaneamente rítmica e harmônica.

O bandoneón é um instrumento tão particular que suas possibilidades expressivas permitem desde a tonalidade alta do clarinete até o clavicordio.

Curiosamente, os que num princípio menos sabiam do género passaram a ser os mais conhecedores, talvez porque o bandoneón leva uma pequena orquestra em si mesmo. Entre os bandoneonistas mais famosos e queridos podemos mencionar ao maestro Astor Piazolla, a Aníbal Troilo e a Roberto De Filippo, entre outros.

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